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"Matei-o" - Teatro

O resultado da junção de 9 monólogos da obra "crimes exemplares" de Max Aub foi este, com confissões peculiares de personagens que no fundo... só queriam sossego, coitadas... https://www.facebook.com/antonysousa10/videos/vb.100000047167396/1201844059827155/?type=2&theater

Grito de Revolta

Há uma sombra dentro de mim
Tem fome, espera sentada
De braços cruzados, que os medos
Se apoderem de mim
É maior, engole sonhos inteiros
Espera que eu baixe a guarda
Esconde-se na escuridão
E aparece para sufocar

Sinto a confiança muitas vezes a estalar
Deixo de respirar, estou cercado
Parece vingança, por não ser forte
O suficiente para mostrar todos os cortes
Expostos desde criança, fico parado
Mesmo que os meus lábios se mexam
O grito de revolta sai mudo
E as palavras ocas saem sem rumo

Estou no ringue comigo mesmo
O outro eu não tem face
Não há um dia que passe

Sem que dê luta, sangue e suor
Mesmo que seja invisível, a luta é interior
Não é suposto ser notícia, sou eu contra o meu mundo
Vou contra as regras e não me esquivo mais
Só quero bater até cair, e não sentir o que receber

Podes bater, estou de pé e tenho medos sim
Mas eles encolhem, eu estou de peito aberto
Nem sequer tenho toalha para atirar
Vejo que não tens fim, mas eu ainda mal comecei
Estarás sempre lá, provocas, e arrastas-me para dentro de uma caixa
Eu estou mais forte agora, não tenho chave mas arrombo a porta
Mesmo que ganhes só perco se quiser
E nunca quis tanto ganhar como agora

Tens as mãos no meu pescoço
Tenho as minhas mãos nas tuas
Elevas o meu corpo e apertas
Mas olhas-me de baixo
Serás sempre escuridão sem face
Eu terei sempre em mim um lutador com raça
Para sair das cordas de cabeça erguida
E desferir o golpe que me deixe por cima

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