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"Matei-o" - Teatro

O resultado da junção de 9 monólogos da obra "crimes exemplares" de Max Aub foi este, com confissões peculiares de personagens que no fundo... só queriam sossego, coitadas... https://www.facebook.com/antonysousa10/videos/vb.100000047167396/1201844059827155/?type=2&theater

Sai um Conto!

Ao Virar da Esquina (Conto) A noite já ia longa em Annecy, quente de Verão, convidando com inocência para uma volta para apanhar pirilampos. Três crianças, eu, a minha irmã, e a nossa prima, que sendo local comandava a caminhada no cimo dos seus 11 anos. Fomos subindo na berma de uma estrada que praticamente era deserta por aquelas horas, e chegamos ao momento de decidir em deixar de estar a uma longa linha recta de casa, ou virar à direita para levarmos mais longe o nosso objectivo. Intrometendo-se nessa indecisão surgiu um carro que parou perto de nós, os faróis acendendo o nosso sistema interno de alerta. O vidro do condutor baixou, e de dentro do carro saiu uma voz calma, uma calma sábia, com um plano definido. "Vocês estão perdidos?", perguntou o condutor, e o olhar da presumível mulher espreitou para nos medir. "Não, a nossa casa é já ali, obrigado.", respondeu assertiva a minha prima. A insistência na pergunta inquietou-nos, por momentos preferia não pe...

Sonhando Em Voz Alta

Capítulo 5 Acordei a 1 minuto de tocar o despertador. Acendi a luz, e fiquei uns segundos a olhar para o teto. Tudo aquilo teria sido um sonho, mas tal como o meu sonho de ser jogador de futebol, seria aquilo que eu quisesse que fosse. E eu queria que fosse verdade, então sabia que aquele dia que estava a começar era o primeiro dia para imaginar cada vez mais detalhes do meu mundo, para o tornar cada vez maior e com mais países, para chegar o dia em que todos os sonhos se tornem na minha realidade. E sei que continuarei a sonhar mesmo depois disso, porque sonhar... é tão bom! Bom, então chegamos a este momento, o dia foi excelente, "perfeito" porque me diverti e talvez não tenha acrescentado países ao meu mundo, mas acrescentei cidades, ou vilas que sejam. Não foi preciso fazer tudo bem para ser perfeito. E o "impossível" agora, só está a uns minutos de ser alcançado, quando adormecer e sonhar. O que sonhar, irei realizar. E tu também! Obrigado por me terem lid...

Sonhando Em Voz Alta

Capítulo 4 Portanto passando mais à frente, para as memórias mais sólidas, a viagem ainda não tinha acabado, e isso foi um alívio. Estava agora num palco, num palco grande de frente para o que pareciam ser milhares de cadeiras vazias. "Olá!! Está aí alguém?", disse em plena voz para perceber se tinha companhia. "Olá! Olha é o Pedro!", estas palavras vinham de duas pessoas diferentes mas com uma voz quase igual. Virei-me para uma porta lateral de entrada de público, e lá estavam dois rapazes de sorriso largo, vestidos da mesma forma, a dirigirem-se a mim. É só quando chegam a poucos metros do palco que reconheço serem os gémeos Soares, da minha turma. Sobrava ainda a questão fundamental, o que estaria eu a fazer ali? Os últimos dois cenários faziam sentido, enquanto sonhos encaixavam perfeitamente. Este ainda pedia por melhor explicação. É verdade que são bons amigos meus, desde o primeiro ano da primária, mas porquê num palco, porquê ali? Estava intrigado. ...

Sonhando Em Voz Alta

Capítulo 3 "E tenho uma música para quando estou triste também, queres ouvir?", perguntou uma rapariga bonita, de olhos grandes e verdes, com o cabelo comprido segurando uma viola. Eu conhecia esta rapariga, é a Marta da minha turma! Mas... como é que eu fui ali parar? Esforcei-me para tentar lembrar-me de onde tinha estado antes de ali estar, e olhei ao meu redor. Estávamos na biblioteca da escola, mas não estava mais ninguém connosco. Eu continuava sem me lembrar, andava às voltas dentro da minha cabeça como um hamster na sua rodinha de exercício, e ainda assim nem sinal de uma memória ou imagem que me indicasse onde tinha estado antes de chegar até à biblioteca, e se a Marta já lá estava ou se chegou entretanto. "Então, não queres ouvir? Pareces-me triste, acho que te ia fazer bem!", disse a Marta ao ver-me ali especado a olhar para todo o lado. Só me faltava essa agora, fazer figura de parvo em frente à Marta, logo em frente à Marta! Tentei recompor-me e agi...

Sonhando Em Voz Alta

Capítulo 2 Estava agora num campo de futebol de 11, com estádio cheio, sim estou a identifica-lo, é o Old Trafford, o estádio do Manchester United!! Como é que eu vim aqui parar? Confuso mas com o coração a palpitar à mesma velocidade com que o Cristiano Ronaldo corre, recebo a bola vinda de um jogador do Manchester. Portanto confirma-se, não só estou no teatro dos sonhos como ainda estou a jogar em casa, e sou treinado pelo José Mourinho! Mal recebi a bola driblei dois adversários, rodopio sobre a bola e abro no lado direito num colega que estava desmarcado, curioso poderia jurar que era o Joel... agora sou eu que me desmarco pela zona central e estou a caminho da área à espera de um cruzamento. Ainda sou agarrado, tentam parar-me mas consigo libertar-me dos defesas contrários e estou agora isolado no coração da área com o braço direito levantado a pedir a bola. O cruzamento surge finalmente, a bola aproxima-se de mim, parece que ficou tudo em câmara lenta de repente, consigo ver t...

Sonhando Em Voz Alta

Capítulo 1 Olá, tudo bem? Olhem não tenho muito tempo, daqui a minutos estarei na cama para uma boa noite de sono e sonhos. Mas antes tinha que vos contar o que me aconteceu ontem! Se calhar assim podem também aprender como eu aprendi. Os nossos cérebros têm muitas surpresas para nós, às vezes só precisamos de abrir a porta aos sonhos, para podermos voar até sítios até então impossíveis. Porque vamos aprender hoje como as palavras "perfeito" e "impossível" podem pregar-nos partidas, mas também podem ser nossas amigas. O dia tinha corrido bem, tinha estado com os meus amigos na escola, tínhamos brincado no recreio, aprendi coisas novas, inclusive a palavra "inclusive" que agora irei incluir mais no meu vocabulário, e até acho que a Marta sorriu para mim quando fui ao quadro resolver uma conta de dividir com 10 dígitos! Portanto estava tudo a correr de feição, até que chega o meu treino de futebol. Jogo no Varzim Sport Clube, nos infantis. Depois de uma ...

Madrugada

Cenário de filme. Qualquer género. Não há nada mais apelativo que isso. Tudo se torna mais tentador, talvez por parecer mais intrigante, mais indecifrável. Se calhar a riqueza está em não decifrar o código que acenda a luz. Consigo sentir o cérebro a latejar, como quando temos um inchaço. Vai persistir e quero que assim seja. Por mais inchado que fique, nunca correrei os mesmos riscos que expluda do que quando está tudo ás claras e não há por onde escapar. Escapar dos olhares, palpites toscos, e discussões interiores. Neste cenário sinto-me livre. Nem sei onde está a câmera porque não é disso que se trata. Os mistérios da vida saem à rua e eu quero estar acordado para os tentar descobrir. Para tentar descortinar os meus enigmas. Matar os demónios sem julgamento. Completar o puzzle infinito da imagem do sonho. Aquele do qual não se quer acordar. Mas eu agora não quero adormecer. É de madrugada. É a madrugada que me acolhe os pensamentos que temem luz do dia. E eu adoro o calor reconfort...

O despertar do fiel lutador

( Último capítulo ) “… não está bem. Eii! ‘Tá-me a ouvir amigo?!”, por breves segundos pensei que me estivesse a acontecer tudo de novo, então dei um salto para trás em pânico. “Oh diabo… tenha lá calma jovem. Estava só aqui a passar e vi-o em frente ao contentor meio inconsciente, fiquei preocupado. Você está bem?”, era um senhor, de barba branca por fazer, olhava-me intrigado. “Ha… si… sim sim, acho que sim.”, disse ainda a tentar enquadrar-me nesta realidade. “Pronto veja lá. Tenha um bom dia.” Desejou o senhor. “Esta juventude de hoje em dia perde-se nas drogas, é uma tristeza.” , ouvi ainda o senhor a desabafar para si mesmo. De facto estava encostado aos contentores onde normalmente ponho o lixo, um pouco abaixo da rua de minha casa. Porque é que não me lembro do que aconteceu para ter ido ali parar? Sentia a cabeça a mil, e apesar de já não haver bosque, seres esquisitos e luz incandescente, aquelas imagens não me saíam da cabeça. Todo o ar que me circundava continha ...

O despertar do fiel lutador

(Penúltimo capítulo) A luz que estava bem longe no céu passou a ser a única coisa que via, os olhos ardiam-me mas no entanto não conseguia fechá-los. Era o contrário de quando tinha despertado, agora sentia toda a energia comprimida no corpo que não se mexia, poderia implodir a qualquer momento. A luz transformou-se em agonia, comecei a ver o meu pai a evitar-me quando lhe pedia por atenção, enquanto criança. Revivi todas as desilusões numa só. Quando se esqueceram todos dos meus anos, quando tive que abandonar os meus sonhos, todas as rejeições, todos os falhanços. Vi-me ferido, não conseguia olhar para a minha pele, mas teria que estar certamente com queimaduras irreversíveis. Uma multidão passava ao meu lado e ninguém reagia. Alguém olhou para mim, mas seguiu o seu caminho fazendo questão de comprovar que me notava mas com total indiferença. Caía imparavelmente num gigante bolso sem fundo, não tinha nada a que me agarrar, ninguém para me amparar. Estava agora no meu carro com os mí...

O despertar do fiel lutador

(...) Chegamos a um ponto onde estávamos rodeados de buracos do comprimento de uma pessoa, por exemplo… como eu. Era fácil descortinar que alguns tinham sido tapados entretanto. Logo tentei libertar-me dos dois homens que ainda me seguravam, mas aí fui confrontado com a força do homem de pele dourada, enquanto que o de cor de chocolate apesar do esforço era arrastado pelo meu braço direito. Nesse instante quando olho em frente, cinco unhas longas e afiadas apontavam aos meus olhos a escassos centímetros. A mulher inclinando a cabeça ligeiramente para o seu lado direito, passou a língua sob os dentes superiores. “Nãaoooo!!! Por favor nãooo!! Eu não me mexo, prometo! Juro!!” , não contive o pavor que a imagem de ser devorado por alguém que me parecia cada vez menos humano, me provocava na mente. “Mimi não!!!” , exclamou o homem de bigode, desesperado. “Ai que drama queens . Não te preocupes, que ele é todo teu.” , disse a mulher revirando os olhos e retirando as enormes unhas do meu ...

O despertar do fiel lutador

(...) Cinco figuras dirigiam-se na minha direcção, todos num estilo muito próprio. Uma era mulher, destacava-se pelos olhos alaranjados como o pôr-do-sol, forma elegante como andava, ar confiante. Olhava para os restantes com autoridade, parecendo ter o respeito de todos. Foi a primeira a abordar-me directamente. “Ora então já venceste a preguiça… não é um mau começo.” “Onde estou?! Isto… o que é que se passa aqui?!” “Então! Está com medo o menino? Aqui estás a jogar fora.”, disse com desdém outro dos cinco estranhos. Era um homem, magro, olhar felino, como se me pudesse caçar, mas tinha acabado de tomar a sesta e deixava isso para mais logo. “Calma. É normal que não perceba o que se passa.”, disse serenamente uma terceira figura. Um homem que se destacava pela sua pele dourada, era alto e encorpado. “Quem são vocês?!”, perguntei , com pouca crença numa resposta concreta. “Não me reconheces?”, perguntou com ligeira desilusão um quarto homem. Este possuía um bigode impressionante,...

O despertar do fiel lutador

Foi no 10 do 10 de 2010. À partida já uma data fácil de lembrar, mas que viria a tornar-se impossível de esquecer. Eis as memórias desse dia, noite, madrugada, o que quer que tenha sido, que respiram com intensidade na minha mente. Abrir os olhos foi um desafio maior do que o normal. Parecia que tinha o peso do corpo nas pálpebras, e que não tinha nada mais para mexer. Conseguia ouvir pequenas vozes a cochichar, mesmo abaixo da minha cabeça. Não como se me estivessem a sussurrar ao ouvido, mas pequenos seres a confraternizar no mínimo espaço entre o meu cabelo e o chão. Imediatamente senti o cheiro a mar, mas não sentia estar próximo de um. As minhas narinas dilatavam inspirando o aroma de baunilha e coco, os meus preferidos. Contudo sentia o prazer que eles me davam a desvanecer a grande velocidade, o que me apercebi que acontecia consecutivamente, causando uma sensação infindável de frustração. Durante uns penosos 10 minutos combati contra mim mesmo, até finalmente reconhecer cor...

O despertar do fiel lutador

Abrir os olhos foi um desafio maior do que o normal. Parecia que tinha o peso do corpo nas pálpebras, e que não tinha nada mais para mexer. Conseguia ouvir pequenas vozes a cochichar, mesmo abaixo da minha cabeça. Não como se me estivessem a sussurrar ao ouvido, mas sim pequenos seres a confraternizar no mínimo espaço entre o meu cabelo e o chão. Imediatamente senti o cheiro a mar, mas não sentia estar próximo de um. As minhas narinas dilatavam inspirando o aroma de baunilha e coco, os meus preferidos. Contudo sentia o prazer que eles me davam a desvanecer a grande velocidade, o que me apercebi que acontecia consecutivamente, causando uma sensação de frustração. Durante uns 10 minutos combati contra mim mesmo, até finalmente reconhecer cores e ter a certeza de que as retinas ainda captavam alguma coisa. 

A imensidão do nada

Porque detesto ser deixado para trás! Detesto ser menosprezado por preguiça de me valorizares por fazer algo que tu não és capaz de fazer! Porque alimentas uma ideia de me quereres bem e de gostares de mim, mas o teu ego é o que está cheio, porque na verdade usas as energias que tens só para ti e não partilhas com ninguém. É como se no fundo te achasses demasiado preciosa… Não sou mais aquele que te vai pôr num pedestal independentemente do que faças. Eu sei quem sou. Não estou abaixo de ninguém, e é por isso que não preciso de olhar para alguém do cimo de um arranha-céus para me sentir melhor comigo mesmo. Pessoas como tu não vêem para além delas próprias, acham que sabem tudo e não absorvem nada.  Mas estão mais perto de saber nada do que de saber alguma coisa.

A imensidão do nada

Logo percebi que ia meter-me na maior confusão mental da história da minha existência. Não foram precisas muitas semanas. A velocidade com que me atingiu desafia a luz. A mesma luz que desaparece quando o nada vem. A Matilde fala, a Maria desfila de um lado para o outro em busca de atenção, o Sérgio repete as mesmas coisas para garantir que não arrisca nada, o Pedro graceja sobre mais uma conquista… estou ciente de tudo, só estou é mais presente no nada. Não escolhi que fosse assim. Dizem que os relâmpagos não caem no mesmo sítio duas vezes, mas eu sou a prova de que caem várias. O pior é que queria que caíssem mais, muitas mais vezes. O intervalo entre um e o próximo é vaguear pelo nada enquanto tudo mexe e todos vivem. Mal ou bem lá vivem. Eu não. Nesses pedaços infinitos de tempo só existo porque tem de ser, senão não sou atingido outra vez.

A imensidão do nada

Aquele riso é tão mágico. Um truque de ilusionismo com banda sonora singular a cada vez que é mostrado. Tão belo, tão contagiante. É um símbolo do que a vida deve ser.  Há dias em que é difícil amar a vida, seja por uma rasteira, uma alfinetada, ou simplesmente porque sim. E em dias desses, uma gargalhada sentida como aquela, pode resgatar a minha vontade de amar.

A imensidão do nada

Quando vejo uma tempestade a chegar, é quando o meu olhar brilha como o mar quando é beijado pelo sol. É a sensação masoquista de querer chuva ácida que corrói a alma. Mas os relâmpagos dão sentido à alma, e se a tenho ou não é indiferente nos períodos de nada. Portanto quero ser corroído. Dói, abre feridas, mas só porque deixa de cair por tempo sempre indefinido. E pelas feridas que ficam é sempre onde entra a luz do relâmpago. E estou curado, mesmo no momento em que sou atingido.