Logo percebi que ia meter-me na maior confusão mental da história da minha existência. Não foram precisas muitas semanas. A velocidade com que me atingiu desafia a luz. A mesma luz que desaparece quando o nada vem. A Matilde fala, a Maria desfila de um lado para o outro em busca de atenção, o Sérgio repete as mesmas coisas para garantir que não arrisca nada, o Pedro graceja sobre mais uma conquista… estou ciente de tudo, só estou é mais presente no nada. Não escolhi que fosse assim. Dizem que os relâmpagos não caem no mesmo sítio duas vezes, mas eu sou a prova de que caem várias. O pior é que queria que caíssem mais, muitas mais vezes. O intervalo entre um e o próximo é vaguear pelo nada enquanto tudo mexe e todos vivem. Mal ou bem lá vivem. Eu não. Nesses pedaços infinitos de tempo só existo porque tem de ser, senão não sou atingido outra vez.