Esta história não é p'ra meninos

Sou vezes sem conta engolido por páginas em branco que toscamente embrulham as minhas intenções sem laço, e encontro-me sufocado pelo que espero que venha a acontecer, em vez de deixar acontecer o que é escrito no presente de cada segundo. Sempre com a bagagem do segundo que passou. Daria facilmente para tirar férias, partir numa viagem por tempo indeterminado até aos subúrbios da mente, passando pelos arranha-céus de erros que se transformam em sabedoria, visitando o parque de diversões mais representativo da ingénua euforia infantil pelo simples entretenimento que são as memórias com amigos, contemplando a paisagem da vida já desenhada nos meus milhares de dias. Como é fácil sub-valorizar a simplicidade. Como é complexo o consciente. É tão limitativa a auto-consciência. Perde-se pelo caminho a coragem da criança que não faz ideia do quão corajosa é. Algures no trilho marcado escapa a irreverência de sonhar acordado e não esperar pelo cansaço no término da noite para começar a sonhar de olhos fechados. Quase que espero pelo fim do dia para reflectir nisso. "Amanhã será diferente!"... será? É curioso como levantámos estas questões como se a resposta não dependesse sobretudo de nós mesmos. Talvez haja algo que nos faça esperar que no tempo certo, no momento preciso, no local adequado será montada uma realidade baseada em factos sonhados. Assim, simplesmente porque dava jeito.