Silêncio Rasgado

- Eu consigo ver nos teus olhos! (Ela olha com desconfiança) Sou um excelente leitor de almas! Eu consigo vê-lo nos teus olhos! … A sério! ‘Tou-te a di… ah….. - O quê? - 'Tás a fazer aquela cena. -Qual cena? - Aquela cena em que sem dizeres nada me fazes duvidar sobre o que estou a dizer sobre mim mesmo. E depois dizes “ai eu não disse nada sequer”, o que me faz sentir bastante emasculado, o que consequentemente fará com que desfoques a vista do que há de sexy em mim, em todo eu. Da minha voz aos polegares dos pés! No entanto não acaba nas cordas vocais.. o que está em cima acompanha no sexy… é a maior fonte de sex appeal que tenho! Não, “maior” não é o termo correcto aqui.. “melhor” fica… melhor. - Hum.. piada sobre o pénis no 1º encontro? Corajoso! - Decifraste essa? Mas foi tão subtil, só podes ser especialista em piadas de pénis. - A sério que a conversa vai virar para o pénis? Não sei se estou preparada. - Só se ficares especada a olhar para e

Esta mente a latejar… nunca deixa de doer, isto de pensar demais. Já me relegou tantas vezes para uma insignificância que não é minha, que só posso ter um pacto com o demónio dos neurónios. Porque é que não é logo tudo de pronto?! Pensei, fiz, disse, tá feito, tá dito. Depois logo se vê, o futuro é a sequência de momentos do presente. Não pensar de todo não é também propriamente o meu alvo. Dizer merda seguido de um “ah eu sou assim, sou muito frontal!”.. hum.. nah , não me soa a melhor. Na verdade, soa a pacto com esterco. Entre demónios indecifráveis e caca, processem-me mas eu opto pelos diabinhos. Equilíbrio, acho que é isso que todos precisamos/procuramos se pensarmos bem. “Se pensarmos bem”, estarei eu a pensar demais mais uma vez?! “ Sa” foda… Ora aqui está a fórmula do equilíbrio! Um bocadinho de raciocínio e um pouquinho de “ sa” foda ! 

O mundo é uma confusão. Eu sei, que afirmação mais banal. Mas eu queria dizer o meu mundo. Esse já é suficientemente trapalhão e desengonçado para que eu me refira ao conjunto de todos os outros que habitam na Terra. Falo do que sei melhor do que ninguém. Mesmo que escrevesse só em consoantes continuaria a ter maior precisão no que acontece no meu mundo, do que o universo todo convergido numa híper conferência e inútil de tentar decifrar o que se passa comigo. Já ouvi tanta coisa, já vi coisas que não devia, ninguém devia, disse coisas quando não devia, e pior.. já enclausurei o que tinha que dizer quando o devia ter feito. É impossível diria, (e eu não sou um fã do impossível) não ter daqueles momentos em que olhamos pelo retrovisor da vida e escolhemos inconscientemente uma memória para nos penalizarmos em relação ao que podíamos ter feito de diferente. E em como isso poderia alterar o curso consequente da nossa vida. Aquela tentação de corromper a memória nem que seja só para nós.

Foi do lado errado que nós começamos A dar as mãos, mas sem nenhum pecado Mas que martírio que eu passei Tanto tempo a imaginar-nos no bem Bom, então é tempo de dizer Que sem mais porquês, eu vou-te ter Perto demais, no caminho certo Vem para cá, que agora eu estou desperto Daqueles medos inúteis Que nos impediam de ver O tempo em que estivemos longe demais Longe demais do caminho certo Voltemo-nos para o presente Chega de ter sentimentos dormentes Nós fomos feitos para sentir por completo Tudo o que mexe cá dentro no peito Vive o momento, aprende este truque Finta os receios como se fosses o Futre Então, não percas tanto tempo a pensar O que poderia ser, no que poderiam dar Aqueles medos inúteis Que nos impediam de ver O tempo em que estivemos longe demais Longe demais do caminho certo Só te quero perto de mim Perto demais, mas que perigo Dancemos na corda do limbo Mais p’ra cá mais p’ra lá Que seja ao sabor… do vento O tempo aponta… o caminh

A vida no seu melhor é totalmente imprevisível. Então sempre que ela me surpreender, quero estar atento para receber o que ela me tem para oferecer, e não preocupado em saber se pareço bem ou normal para os outros, e em contar os problemas que tenho em vez de me rir a cada solução encontrada. Soluções que estão tantas vezes mesmo à nossa frente. Literalmente à nossa frente. Dizemos tantas vezes no espelho da mente o que achamos serem as nossas certezas. Mas se calhar, num simples conjunto de momentos de improviso, alguém pode completar-nos tão bem, que se não levantarmos algumas questões podemos acabar por passar ao lado do melhor improviso que a vida nos ofereceu.

Where to start When a bound is for life And flies through time and space? Meanwhile a wing hits the ground No way to stop the clock Nor to travel back To that time when we knew What we were, and how it worked Well, I know where you are father I can see your back Could you please see through my eyes All this darkness inside And shake it away With one big warm hug Alongside an “I’m proud of you pal” It’s all I need today It’d all be ok… It’s all I want from you now Hidden in my skin All this words to come out Behind a curtain of doubts Should I do it? Should I say it? I miss your presence How can I make this work? Again… like a new chance To reborn, come home To that place in our hearts That is bounded for life An unbreakable spell A spell cast when you first saw me With my eyes closed I can’t remember But I can tell you this I remember my heart being Full of love and hope It should’ve never stopped Being

“Amo-te”. Quantas pessoas já te disseram isto e realmente sentiam? Tens coragem de contar? Tens a fibra para ler todos os momentos e procurar verdade em palavras que tanto podem ser tudo o que precisas de ouvir, como o que nunca deveria ser dito? Porque só quem sente o deveria dizer. Não sendo menos verdade que quem o sente deveria sempre dizê-lo. Porque não? Se o sentimento é puro a única coisa que o pode tapar aos olhos da outra pessoa é o silêncio. 

Abrir os olhos foi um desafio maior do que o normal. Parecia que tinha o peso do corpo nas pálpebras, e que não tinha nada mais para mexer. Conseguia ouvir pequenas vozes a cochichar, mesmo abaixo da minha cabeça. Não como se me estivessem a sussurrar ao ouvido, mas sim pequenos seres a confraternizar no mínimo espaço entre o meu cabelo e o chão. Imediatamente senti o cheiro a mar, mas não sentia estar próximo de um. As minhas narinas dilatavam inspirando o aroma de baunilha e coco, os meus preferidos. Contudo sentia o prazer que eles me davam a desvanecer a grande velocidade, o que me apercebi que acontecia consecutivamente, causando uma sensação de frustração. Durante uns 10 minutos combati contra mim mesmo, até finalmente reconhecer cores e ter a certeza de que as retinas ainda captavam alguma coisa.