A Arma Dentro de Mim
O cano beija-me a testa
Contagem decrescente
Sinto o cheiro a pólvora
Ouço o disparo acontecer
De dentro, sempre carregada
A arma não separa
O certo do errado
Nem o que dispara é humano
Corre em todos os poros
Corroído de todos os modos
É veneno, suga e engole
Oculta e dá o mote
Quem sou eu?
Este sangue não é meu
A água abraça-me a face
O cronómetro arranca
A ampulheta virou
O que sou começa
No princípio da guerra
Estou desarmado porque sei
Com uma arma destravada
A bala conhece o destino
Antes do dedo encontrar o gatilho
O medo acende o rastilho
Antes de chegar à explosão
Já eu saí do chão
Corre em todos os poros
Cintila de todos os modos
É desejo, inspira e sobra
Vontade para tentar a sorte.
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