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"Matei-o" - Teatro

O resultado da junção de 9 monólogos da obra "crimes exemplares" de Max Aub foi este, com confissões peculiares de personagens que no fundo... só queriam sossego, coitadas... https://www.facebook.com/antonysousa10/videos/vb.100000047167396/1201844059827155/?type=2&theater

História da Alma

É inglório viver entre os raios do sol, com um sorriso para tantos quantos cruzam o nosso caminho. Todos merecem até prova em contrário, e há até casos que por vezes são arquivados para não nos desviarmos da nossa marca na luz. Mas é inglório diz parte de mim, talvez a parte mais fraca, da carne mais mal passada, a mesma que exclama para ficar quieto quando um desafio aparentemente demasiado grande e arriscado me aparece pela frente. Todos a temos, as cicatrizes espalham-se pelo mapa da nossa alma, mas não são a nossa alma, as memórias ocupam a nossa mente, mas não constituem por si só a mente, somos fragmentos emparelhados, por vezes desorganizados, do rasto de vida que temos atrás de nós. Mas é inglório insiste a parte fraca, e argumenta dizendo que também chove no nosso mundo, também trovoa, a ausência de sol é inevitável, temos direito a largar o sorriso por instantes, a nos fecharmos ao abrigo da sombra, longe da multidão, mais próximos que nunca da montanha de pensamentos, dúvidas, inseguranças. Acrescenta ainda, que é não justo sair tanto de nós, uma energia que nem sempre temos mas que não pedimos emprestada a ninguém. E nem sempre merecem. Ainda assim sai, com destino traçado no próximo a quem queremos bem, para depois aglomerar-mos tantos exemplos de ingratidão, incompreensão, egoísmo, e os pontuais casos dolorosos em que a outra pessoa te deixa no limbo, na incerteza se fazes de facto a diferença ou se tanta luz é ofuscada pelo interesse em tudo mais do que em ti. Mesmo quando é evidente que luz como a tua não existe naquelas paragens, e poucos ou nenhuns ousariam dar tanto de si embrulhados numa incerteza. Felizmente temos a carne bem passada, o outro lado, a parte de nós que já foi atropelada e sobreviveu para contar a história. Poucos a conhecem e conhecerão, mas ela vive, e nas dezenas de pontos que ligam a pele à alma, moram a sabedoria, a bondade, a paciência (oh que belo aliado consegue ser a paciência), a esperança, e a convicção, de que enquanto trabalhares em ti para ser melhor, melhor pessoa acima de todas as outras melhorias que anseias, e te mostrares pelo que és, nas linhas curvilíneas da tua essência singular, o universo de energias, fragmentos emparelhados que formam o que está para lá do que os teus olhos conseguem ver, estará atento... e algumas raridades humanas virão como exemplo para ficar na tua história. Presta atenção e valoriza o inesperadamente bom que se cruza no teu caminho, para não passares à frente um dos melhores capítulos.

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