(...)
Chegamos a um ponto onde estávamos rodeados de buracos do
comprimento de uma pessoa, por exemplo… como eu. Era fácil descortinar que
alguns tinham sido tapados entretanto. Logo tentei libertar-me dos dois homens
que ainda me seguravam, mas aí fui confrontado com a força do homem de pele
dourada, enquanto que o de cor de chocolate apesar do esforço era arrastado
pelo meu braço direito. Nesse instante quando olho em frente, cinco unhas longas
e afiadas apontavam aos meus olhos a escassos centímetros. A mulher inclinando
a cabeça ligeiramente para o seu lado direito, passou a língua sob os dentes
superiores.
“Nãaoooo!!! Por favor nãooo!! Eu não me mexo, prometo! Juro!!” , não contive o
pavor que a imagem de ser devorado por alguém que me parecia cada vez menos
humano, me provocava na mente.
“Mimi não!!!” , exclamou o homem de bigode, desesperado.
“Ai que drama queens. Não te
preocupes, que ele é todo teu.” , disse a mulher revirando os olhos e retirando
as enormes unhas do meu campo de visão. Podia jurar que as tinha visto a
encolherem…
“O que querem que faça?!”, perguntei em busca da saída daquele pesadelo o mais
depressa possível, custasse o que custasse.
“Hum.. ‘tás a ver este buraco aqui? Não é p’ra ti calma… eheh caem sempre
nisto… o teu é mais este!!” , e com um movimento ágil e invulgarmente rápido, o
homem felino surgiu atrás de mim, e com a ajuda do homem de pele dourada projetaram-me
para um dos buracos espalhados abaixo da terra do bosque.
Tinha uns 5 metros de profundidade, e quando atingi terreno sólido,
surpreendentemente não senti o impacto. Era como se me tivesse atirado para uma
almofada gigante.
“Estás bem? Ele está bem não está? Eu sei que me disseram que não havia dor,
mas quero ter a certeza.” , acabou por perguntar atrapalhado o homem de bigode.
“Ele está bem, com o meu também foi assim e não se queixou.”, disse o homem cor
de chocolate.
“Tirem-me daqui, vocês não me podem fazer isto!! Isto é só um pesadelo, tenho
que acordar, é isso sim tenho que acordar… ACORDA!!!” , esbofeteei-me duas
vezes, o que se revelou inconsequente, pois quando voltei a abrir os olhos o
cenário era o mesmo. Visto de baixo os
seres pareciam ainda menos humanos, e o céu tinha agora uma vibrante luz branca
situada mesmo no centro de onde estava deitado.
A mulher pareceu cortar pela raiz uma possível intervenção do homem de bigode
com o olhar, e de seguida, disse-me:
“ Boa viagem.”
(To be continued)
Comentários
Enviar um comentário