Às voltas no Fundo

Deveria ter percebido
A voz sussurrava
"Ela vai acabar contigo"
Não lhe dei ouvidos
Assinei a carta de suicídio
Agora não há nada
Que me faça avançar
O meu olhar anda perdido

Todas as ruas têm o mesmo nome
Não consigo parar em lado algum
As voltas que não param no fundo
São os pontos abertos à tona

Não queria estar a escrever
Isto, é a sentença final
Sinto as palavras a latejar
Nas veias, não esperava sangrar
Declaro-me culpado
Por ter recebido como surpresa
A tua frieza repentina
Aprendeste depressa a ignorar

Por momentos o mundo
Pareceu parar
Foi o tempo preciso
Para levantar
O vento volta a soprar
O mundo segue a girar
Assumi o risco
A consciência não irá pesar.