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"Matei-o" - Teatro

O resultado da junção de 9 monólogos da obra "crimes exemplares" de Max Aub foi este, com confissões peculiares de personagens que no fundo... só queriam sossego, coitadas... https://www.facebook.com/antonysousa10/videos/vb.100000047167396/1201844059827155/?type=2&theater

Filme da Semana - Molly's Game (2017)

Sinopse: Após perder a possibilidade de participar nos Jogos Olímpicos de Inverno devido a uma grave lesão, a esquiadora Molly Bloom decide tirar um ano de folga dos estudos e tentar a sua sorte em Los Angeles. Lá conhece Dean Keith, um produtor de cinema que decide contratá-la como assistente, e logo Molly passa a coordenar jogos de póquer clandestinos organizados por Dean, que conta com clientes muito ricos e famosos. Sendo ambiciosa e astuta cria o seu próprio espaço para receber legalmente jogos de póquer com o mesmo grupo de famosos. À medida que o lucro aumenta os problemas surgem...
História verídica numa adaptação do livro "Molly's Game" de Molly Bloom.


https://www.youtube.com/watch?v=R88EnXv7Swc






Opinião: Aaron Sorkin é consensualmente considerado um dos grandes argumentistas de cinema dos últimos largos anos, mas aqui elevou as suas tarefas para a realização pela primeira vez. E mostrou que o domínio que tem nas palavras estende-se até ao trabalho atrás das câmeras. Os diálogos são sempre um ponto forte nos argumentos de Sorkin, e este não é excepção, com um ritmo sempre alto e personagens tridimensionais inteligentes e interessantes. A trama navega entre o presente, onde Molly Bloom é acusada de estar envolvida com a máfia russa e procura defender-se, e o passado onde seguimos a sua vida desde quando era uma esquiadora a procurar representar os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos até se encontrar com o presente. Nesse passado vemos a transformação na forma de vestir de Molly de modo a se enquadrar com os eventos de póquer entre milionários, sentimos os efeitos secundários de uma educação primada pela exigência na perfeição (fundamentalmente por parte do pai), a dependência provocada pela ganância, e acompanhamos a necessidade de chegar ao topo que a protagonista sente tendo em conta os elevados padrões de sucesso que os seus irmãos alcançaram. Jessica Chastain assume esse protagonismo mais uma vez de forma sublime, em todos os momentos certos sendo palpável tanto a vulnerabilidade que Molly tentava camuflar como a efectiva conquista de estatuto e personalidade vincada num mundo predominantemente de homens. A própria Molly Bloom não hesitou em indicar que queria Jessica Chastain para o papel, e em boa hora Aaron Sorkin acedeu a esse desejo.
O filme acaba por pegar em vários temas, não só no póquer em si e em tudo o que envolve o jogo de bom, mau, entusiasmante e assustador, mas também em fama, crescer a pulso, perder tudo, e procurar aprender com os erros. No fundo o filme aborda vida na forma de apostas, e na verdade a vida é feita de apostas, umas ganhas, outras não.
Idris Elba é o parceiro perfeito para partilhar alguns dos diálogos mais completos com Chastain, contendo perspicácia, humor, sarcasmo, e tudo isto enquanto as relações entre personagens se vai desenvolvendo, tudo tem um propósito e os actores servem esse propósito da melhor maneira. Outros destaques no elenco são Michael Cera (Superbad), Chris O'Dowd (Bridesmaids), e Kevin Costner que interpreta o pai perfeccionista de Molly Bloom (a cena entre ambos no banco perto do final é simplesmente brilhante, a todos os níveis notável!).

"Molly's Game" é envolvente, pertinente, tem sentido de humor, intensidade, uma escrita especial e interpretações à altura do argumento. Revela a imperfeição humana de uma forma honesta, com os dois lados da moeda em cima da mesa: vemos ganância mas também vemos orgulho próprio e perseverança, vemos fraqueza mas também vemos coragem, vemos descontrolo mas também vemos respeito e integridade.  Um dos melhores de 2017.
Este é o primeiro filme da semana, todas as semanas haverá um filme em destaque no Silêncio Rasgado às segundas-feiras!

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