Silêncio Rasgado

Às vezes parece inconsequente Escrever estas linhas que me percorrem Palavras, conteúdo das minhas veias Sangue que circula nesta mente A voz permanente, não consente Sair desta jaula, com grades nos olhos Respirar liberdade vira utopia E a única via é rasgar os dias Um por um de cada vez Chegar ao tutano das dúvidas E sugar o veneno dos medos Cuspir a sombra que me sufoca Me cobre a forma, não sobra Nada de mim, ao que vim Mas sempre que digo que sim Mais a voz se apaga, acaba Por ser irónico que quanto mais Ela se cala, mais a minha exalta A sua marca, talvez branca Às vezes ainda parca Em palavras, conteúdo destas veias Mas cada vez mais canta Ao ritmo da viagem das ideias Vaivém de quem acorda No meio entre a coragem E a loucura selvagem De não procurar sentido No que alcança o riso Por que razão haveria de censurar isto? Está visto que são as linhas que me percorrem Sangue que circula na mente Dá voltas e voltas infinitamente Rotundas de pensamento

Eu sabia, naquela altura havia pouco que duvidar sobre a intimidade dos toques que espelhavam a imagem de aproximação. Uma boa aproximação para os dois, em que sorríamos, brincávamos, replicávamos os gestos um do outro e sentíamos os corações mais perto que nunca a prepararem-se para dar um abraço. Mas naquela altura eu também sabia que havia quem tivesse intenções de tocar primeiro noutros pontos que não propriamente no coração. E sabia também que muitas vezes somos influenciados pelo novo, pela camada da superfície que tenta a todo o custo agradar e dar a ideia de que é o último grito para a felicidade. Mas não tem de ser. Às vezes percebemos que se queremos ser felizes precisamos daquela pessoa . Aquela pessoa que já se mostrou com a camada da superfície a brilhar, mas também com a camada mais profunda a latejar. Aquela pessoa que sempre está no pensamento quando vivemos algo bom ou engraçado, ou quando algo nos atinge e nos deita abaixo. Precisamos de partilhar, porque a felicidad

- Adoro da forma mais masoquista que sou capaz de adorar alguma coisa, saber que amanhã vou sentir a tua falta. É tão ridículo! Serão no máximo 24 horas de distância para este momento em que estou contigo, e o tempo normalmente passa tão rápido, eu próprio estou farto de dizê-lo! Deve ser provavelmente o único cliché ao qual eu adiro. “Um ano passa a correr, ontem parecia ser natal, hoje é natal um ano depois”, mas não consigo passar nenhum dia seguinte aos dias em que estou contigo sem sentir a tua falta. Sem ter a minha mente a passar imagens à frente dos meus olhos daquilo que foi dito e feito da última vez.

Eu quero tanto… De braços abertos A receber as balas Feridas que cobrem Este corpo sem apoios As pernas fraquejam Os pulmões praguejam Esta merda é de mais Para um só é pouco Caminhar sem os muitos Que me aconchegam as costas E dizem que se importam Se o fundo tivesse verdade Nunca fechavam as portas Nunca paravam de bater na minha À procura de respostas Em busca de perceber Logo pela superfície Se algo poderiam oferecer Para serem diferentes dos outros Eu quero tanto… De coração aberto Ao relento e sem medo De dizer o que penso Que a rua da vida É demasiado escura Para esperar pelo momento Em que tudo se junta Para ser perfeito falar Ou dar um simples apoio Eu gosto tanto… Quando paramos de pensar em nós Por uns momentos, até a sós no nosso quarto E entendemos que sozinhos somos nada E tudo o que temos de fazer Para passarmos a merecer mais É mostrar com um único gesto Que acreditamos nos que nos são leais Estou cansado e só quero cair.

Vê-la sorrir daquela forma foi como ver o tempo parar. Foi como congelar todas as dimensões numa nova Era do gelo, só com aquele sorriso para derreter e dar um sentido a tudo. O controlo que precisei ter para não tornar o meu olhar embaraçosamente deliciado. Uma parte de mim sorri quando a vejo sorrir, e palpita-me que seja o coração. Imagine-se se dissesse isto em voz alta! Já não bastava o olhar e agora vinham as palavras também ajudar a sentir-me emasculado?! Ou será que dizer o que se sente é que é de Homem?...

Estou cansado, tal como o mundo Se apresenta nesta madrugada Silenciosa, fria e interminável Não consigo dormir nem forçado Tenho sede, tal como o mundo Se apresenta nos sonhos Coloridos, quentes e efémeros Não consigo saciar de olhos fechados Não me sai da cabeça Que só serei real Quando beber o elixir do mar O sal para me regar As ideias sem plateia Para sprintar nas minha veias A adrenalina de estar vivo E saber porquê… saber porquê Estou deitado, tal como o ruído Se apresenta nesta cama Grande demais, gelada e solitária Não consigo pensar em mais nada Tenho medo, tal como o mundo Se apresenta nos pesadelos Cinzentos, suados e assustadores Não consigo avançar se estiver deitado O sol está a chegar Mais um dia para ganhar Aos que falam de olhos fechados De boca cheia, tudo errado O troféu sou eu hoje Melhor do que ontem A coragem não foge Corre até ao topo do pódio A adrenalina de estar vivo.. E saber porquê… saber quem se é.

Marta, Rui e Sónia estão na sala a ver um vídeo comovente no sofá. O vídeo acaba. Marta – O braço já me está a doer por estares apoiado nele. ( com um pequeno sorriso pacífico ) Rui – ( Enquanto sorri ) Então porque é que não mudaste o braço de posição quando te começou a incomodar? Ou davas-me uma cotovelada de aviso.. Que provavelmente responderia com um soco, que provavelmente iniciaria porrada, que provavelmente ganharia, que provavelmente te levaria para o hospital, que provavelmente pagaria, que provavelmente deixariam a Sónia com um trauma p'ra vida. O que provavelmente me traria remorsos p'ra minha vida, que provavelmente não seria longa porque suicídio seria a resposta mais fácil para lidar com isso… Mas tudo isto é uma suposição porque não disseste o que tinhas a dizer quando tinhas a dizer! Marta – ( com ar pensativo ) Então significa… que fiz bem em só o dizer agora certo?

- Eu consigo ver nos teus olhos! (Ela olha com desconfiança) Sou um excelente leitor de almas! Eu consigo vê-lo nos teus olhos! … A sério! ‘Tou-te a di… ah….. - O quê? - 'Tás a fazer aquela cena. -Qual cena? - Aquela cena em que sem dizeres nada me fazes duvidar sobre o que estou a dizer sobre mim mesmo. E depois dizes “ai eu não disse nada sequer”, o que me faz sentir bastante emasculado, o que consequentemente fará com que desfoques a vista do que há de sexy em mim, em todo eu. Da minha voz aos polegares dos pés! No entanto não acaba nas cordas vocais.. o que está em cima acompanha no sexy… é a maior fonte de sex appeal que tenho! Não, “maior” não é o termo correcto aqui.. “melhor” fica… melhor. - Hum.. piada sobre o pénis no 1º encontro? Corajoso! - Decifraste essa? Mas foi tão subtil, só podes ser especialista em piadas de pénis. - A sério que a conversa vai virar para o pénis? Não sei se estou preparada. - Só se ficares especada a olhar para e

Esta mente a latejar… nunca deixa de doer, isto de pensar demais. Já me relegou tantas vezes para uma insignificância que não é minha, que só posso ter um pacto com o demónio dos neurónios. Porque é que não é logo tudo de pronto?! Pensei, fiz, disse, tá feito, tá dito. Depois logo se vê, o futuro é a sequência de momentos do presente. Não pensar de todo não é também propriamente o meu alvo. Dizer merda seguido de um “ah eu sou assim, sou muito frontal!”.. hum.. nah , não me soa a melhor. Na verdade, soa a pacto com esterco. Entre demónios indecifráveis e caca, processem-me mas eu opto pelos diabinhos. Equilíbrio, acho que é isso que todos precisamos/procuramos se pensarmos bem. “Se pensarmos bem”, estarei eu a pensar demais mais uma vez?! “ Sa” foda… Ora aqui está a fórmula do equilíbrio! Um bocadinho de raciocínio e um pouquinho de “ sa” foda ! 

O mundo é uma confusão. Eu sei, que afirmação mais banal. Mas eu queria dizer o meu mundo. Esse já é suficientemente trapalhão e desengonçado para que eu me refira ao conjunto de todos os outros que habitam na Terra. Falo do que sei melhor do que ninguém. Mesmo que escrevesse só em consoantes continuaria a ter maior precisão no que acontece no meu mundo, do que o universo todo convergido numa híper conferência e inútil de tentar decifrar o que se passa comigo. Já ouvi tanta coisa, já vi coisas que não devia, ninguém devia, disse coisas quando não devia, e pior.. já enclausurei o que tinha que dizer quando o devia ter feito. É impossível diria, (e eu não sou um fã do impossível) não ter daqueles momentos em que olhamos pelo retrovisor da vida e escolhemos inconscientemente uma memória para nos penalizarmos em relação ao que podíamos ter feito de diferente. E em como isso poderia alterar o curso consequente da nossa vida. Aquela tentação de corromper a memória nem que seja só para nós.

Foi do lado errado que nós começamos A dar as mãos, mas sem nenhum pecado Mas que martírio que eu passei Tanto tempo a imaginar-nos no bem Bom, então é tempo de dizer Que sem mais porquês, eu vou-te ter Perto demais, no caminho certo Vem para cá, que agora eu estou desperto Daqueles medos inúteis Que nos impediam de ver O tempo em que estivemos longe demais Longe demais do caminho certo Voltemo-nos para o presente Chega de ter sentimentos dormentes Nós fomos feitos para sentir por completo Tudo o que mexe cá dentro no peito Vive o momento, aprende este truque Finta os receios como se fosses o Futre Então, não percas tanto tempo a pensar O que poderia ser, no que poderiam dar Aqueles medos inúteis Que nos impediam de ver O tempo em que estivemos longe demais Longe demais do caminho certo Só te quero perto de mim Perto demais, mas que perigo Dancemos na corda do limbo Mais p’ra cá mais p’ra lá Que seja ao sabor… do vento O tempo aponta… o caminh

A vida no seu melhor é totalmente imprevisível. Então sempre que ela me surpreender, quero estar atento para receber o que ela me tem para oferecer, e não preocupado em saber se pareço bem ou normal para os outros, e em contar os problemas que tenho em vez de me rir a cada solução encontrada. Soluções que estão tantas vezes mesmo à nossa frente. Literalmente à nossa frente. Dizemos tantas vezes no espelho da mente o que achamos serem as nossas certezas. Mas se calhar, num simples conjunto de momentos de improviso, alguém pode completar-nos tão bem, que se não levantarmos algumas questões podemos acabar por passar ao lado do melhor improviso que a vida nos ofereceu.

Where to start When a bound is for life And flies through time and space? Meanwhile a wing hits the ground No way to stop the clock Nor to travel back To that time when we knew What we were, and how it worked Well, I know where you are father I can see your back Could you please see through my eyes All this darkness inside And shake it away With one big warm hug Alongside an “I’m proud of you pal” It’s all I need today It’d all be ok… It’s all I want from you now Hidden in my skin All this words to come out Behind a curtain of doubts Should I do it? Should I say it? I miss your presence How can I make this work? Again… like a new chance To reborn, come home To that place in our hearts That is bounded for life An unbreakable spell A spell cast when you first saw me With my eyes closed I can’t remember But I can tell you this I remember my heart being Full of love and hope It should’ve never stopped Being

“Amo-te”. Quantas pessoas já te disseram isto e realmente sentiam? Tens coragem de contar? Tens a fibra para ler todos os momentos e procurar verdade em palavras que tanto podem ser tudo o que precisas de ouvir, como o que nunca deveria ser dito? Porque só quem sente o deveria dizer. Não sendo menos verdade que quem o sente deveria sempre dizê-lo. Porque não? Se o sentimento é puro a única coisa que o pode tapar aos olhos da outra pessoa é o silêncio. 

Abrir os olhos foi um desafio maior do que o normal. Parecia que tinha o peso do corpo nas pálpebras, e que não tinha nada mais para mexer. Conseguia ouvir pequenas vozes a cochichar, mesmo abaixo da minha cabeça. Não como se me estivessem a sussurrar ao ouvido, mas sim pequenos seres a confraternizar no mínimo espaço entre o meu cabelo e o chão. Imediatamente senti o cheiro a mar, mas não sentia estar próximo de um. As minhas narinas dilatavam inspirando o aroma de baunilha e coco, os meus preferidos. Contudo sentia o prazer que eles me davam a desvanecer a grande velocidade, o que me apercebi que acontecia consecutivamente, causando uma sensação de frustração. Durante uns 10 minutos combati contra mim mesmo, até finalmente reconhecer cores e ter a certeza de que as retinas ainda captavam alguma coisa. 

SORAIA Há memórias que parece que já foram de outra vida. Nunca pensei ter esta sensação nesta idade. ALEX Se o tempo fosse sólido, teria asas e sempre que passasse por nós, deixava-nos um torcicolo como recordação. Acho que não há tempo para pensar muito no tempo… e é uma perda de tempo até. Somos coleccionadores de memórias, mas seguimos em frente, para juntarmos o mais possível à colecção. Se pararmos no passado, atrasamo-nos no presente. E tu sabes como detesto estar atrasado! SORAIA Pois e eu! Mas às vezes dá vontade de parar tudo e só flutuar, de olhos fechados. Sem aquela pressa vertiginosa para tudo e com tudo. ALEX Tenho uma ideia para nos iludirmos e enganarmos o tempo! SORAIA Qual? O que é que vai sair daí?! (A sorrir) ALEX Vamos criar o nosso próprio tempo! Onde um dia tem 28 horas e 10 minutos, há uma possibilidade de voltar 4 horas atrás por semana, dormimos em todos os momentos mortos e fazemos por ter poucos. De madrugada? Não há sono p’

ALEX Será que tudo isto vale a pena? E se eu não chegar a ninguém? Quer dizer, e se eu nem sequer chegar a lado nenhum? SORAIA Tu vais-te sair melhor do que imaginas. E muito melhor do que o que receias. ALEX Eu agradeço isso, a sério que sim. Mas… desculpa não consigo deixar de pensar que é tudo nota da mesma sinfonia. SORAIA Sinfonia que um dia vais liderar! ALEX (Ri-se) A sério! Eu fico aqui resguardado, a pensar nisto tudo, a escrever o que sinto. A tentar não ter medo disso, mas e se for tudo para nada? O que é que eu faço? Como é que encaro as poucas pessoas que ainda acreditavam que eu conseguia? Como é que te encaro a ti? Olham-se nos olhos SORAIA (Com a mão na cara de Alex) Segues em frente na mesma! E ninguém te vai achar menos por isso, não serias nem o primeiro nem o último a não atingir aquilo em que acreditas ser o teu maior sonho. Mas já também já paraste para pensar: “E se eu conseguir?”

Sempre que me vês Nunca pensas: "Quando é que te vejo?" Outra vez, às vezes não chega Sempre que eu penso Quando não te vejo Nunca paro de te ver Repetidas vezes na minha cabeça Pois bem, eu sou só um louco Insanidade legal a vaguear por aí Algures nestas terras mascaradas De frases feitas e modas perfeitas Onde todos se escondem de si mesmos À espera de serem especiais Não me escondo mais, nunca mais Sempre que te vejo penso "Como é que algum dia se fará justiça?" E alguém mereça conhecer os teus medos Ouvir os teus devaneios, os teus segredos Tocar a tua mente ao sabor do vento Para ser justo, invisto tudo Em mim para me chamares teu Uma vez para sempre Um eco que nunca acaba Quando pensas: "Quem me fará feliz?" Será que nunca me vês? Ou desvias o olhar Com medo de perceber Que o mundo que imaginas Sempre que fechas os olhos Está mais perto do que pensas.

A beleza é pura e tem sotaque Neste caso único, incomparável De cima a baixo, de dentro para fora Não será perfeito, mas só porque é real E na fantasia eu estou por perto Próximo do toque, próximo para ouvir A voz de um anjo, sem asas, mas com dom Para distribuir labaredas do inferno Para aquecer o inverno e transformar a fantasia Em algo verdadeiro e imperfeito, mas tão bom Que se quer estar acordado as 24 horas do dia Só para ter 365 dias no ano Para poder conhecer por completo Este caso único... incomparável.

Quem sou eu Debaixo deste cinzento Escuro, quem eu sou É o relâmpago Que espera pelo vento Para formar a tempestade Estilhaços cortam a carne Crua de tanto passar Tempo na cave Onde os sonhos voam Tudo o que eu sou Está dentro de mim Pronto para explodir Deixar fragmentos Espalhados pelo céu Para quem quiser agarrar Apanhei o expresso Para o incerto Melhor não podia ser Liberdade por certo De mostrar o que sinto Não há nada a perder As cicatrizes provam Que a carne está bem passada agora.

Quiet your fears, The ones that are pushing you back. This can be your night, This may be our night... To embrace the chaos, To challenge the unknown Together we light up the darkness, Oh Almighty forgive us, We're going to sin,  so we can feel blessed The night is ours This night is ours Let's sneak through the doors of hell. For awhile, the heat is burning our skin, Until we explode, and let the flames fade. Tonight we escape from the shade... To embrace the chaos, To challenge the unknown Together we light up the darkness, Oh Almighty forgive us, We're going to sin, so we can feel blessed 'Cause the night is ours This night is all ours!

Presente embrulhado No passado foi o laço Amanhã quero abrir Estou à espera de ti Para escrever mais um fragmento Do que sou, nesta mesa Imagino-te na porta a sorrir Mas que boa surpresa Páginas no chão Olho para o céu Preciso de inspiração Estou à espera de ti Para viver mais um momento Digno do que somos, da pureza Imagina a sorte que teríamos Se déssemos um novo significado Às prendas desta vida Abertas sem demora

Porque detesto ser deixado para trás! Detesto ser menosprezado por preguiça de me valorizares por fazer algo que tu não és capaz de fazer! Porque alimentas uma ideia de me quereres bem e de gostares de mim, mas o teu ego é o que está cheio, porque na verdade usas as energias que tens só para ti e não partilhas com ninguém. É como se no fundo te achasses demasiado preciosa… Não sou mais aquele que te vai pôr num pedestal independentemente do que faças. Eu sei quem sou. Não estou abaixo de ninguém, e é por isso que não preciso de olhar para alguém do cimo de um arranha-céus para me sentir melhor comigo mesmo. Pessoas como tu não vêem para além delas próprias, acham que sabem tudo e não absorvem nada.  Mas estão mais perto de saber nada do que de saber alguma coisa.

Por cada ausência da tua palavra Da tua resposta à inquietude Que me liga à vida O chão começa a mexer-se As paredes a encolher Não é suposto ser assim É suposto nem me lembrar De quem não se lembra Dia sim dia sim Eu estou aqui A inventar Novos dias Para te receber E criar um mundo Onde te rias Minuto sim segundo sim Esqueci-me de dizer Que o mundo é uma ilusão Como quem se ilude com amor A beleza é real, palpável Sinto na palma das mãos A energia a escorrer entre os dedos Porque é que só te vejo Quando fecho os olhos? Espero por uma ilusão sem truque Magia sem aviso prévio Um espetáculo improvisado Sobre um artista inventor.. E a sua versão de amor.

Onde é que tenho estado Com a cabeça? Onde estás? É lá onde estou, e vou ficar Até bem depois da meia-noite Desde dos primeiros sonhos Talvez num deles eu diga Onde os meus lábios querem morar Um dia levo a ti Um pedaço de mim Cantado ao ar livre Sem medo de te olhar Com toda a verdade Dá-me meio sinal De amor por inteiro De amor de verdade Se podes ouvir isto Então já sabes Eu sempre soube Que eras a diferença De tudo o que já senti Igual aos filmes Com um toque de magia De realidade… de verdade Liberto-me nas palavras Abraçadas aos acordes De uma música que espera Por este dia.. por ti.

RUI  - Parece que vêm todos do mesmo armazém, edição ilimitada. Com os mesmos tiques, as mesmas frases feitas, os mesmos gostos, os mesmo ódios, as mesmas modas, a mesma hipocrisia, as mesmas contradições, e todos com a necessidade de dizer que são especiais, porque na verdade, não são. Eles até são, só que não conhecem esse lado, estão mais interessados em não ser esquisitos. MARTA  - E achas que és especial? RUI - Não é questão de ser especial ou deixar de ser. Só quero ser o melhor “eu” possível, só isso. Nisso serei imbatível, tenho essa garantia. E a outra garantia, é que de nenhuma outra maneira conseguiria encontrar o melhor de mim. Ninguém me diz qual é a personalidade adequada que devo ter, ou as palavras certas para dizer seja o que for. Eu tenho um cérebro, que forma conexões neurais constantemente. Não é por acaso, é para formar pensamentos próprios, já que os neurónios são meus. A diferença aqui é que já não tenho medo de ser eu. Em algum momento vai valer muito

Chasing eyes, against the tide Raise your hands, fucking high Feel the breeze, energy increases On the mirror of your soul I see, you looking Away, why is that? I’m right here Don’t you see? Embracing lies, against my mind Run in this land, fucking fly Bleed your feet, where the soul lives Is where I wanna go Look at me Once, now There’s no next time Can’t you see? Can’t you believe? Are you afraid? Just look at me I promise you peace Look at my mirror You’ll see part of you Our souls are playing I see it, that’s why I sing this.

Logo percebi que ia meter-me na maior confusão mental da história da minha existência. Não foram precisas muitas semanas. A velocidade com que me atingiu desafia a luz. A mesma luz que desaparece quando o nada vem. A Matilde fala, a Maria desfila de um lado para o outro em busca de atenção, o Sérgio repete as mesmas coisas para garantir que não arrisca nada, o Pedro graceja sobre mais uma conquista… estou ciente de tudo, só estou é mais presente no nada. Não escolhi que fosse assim. Dizem que os relâmpagos não caem no mesmo sítio duas vezes, mas eu sou a prova de que caem várias. O pior é que queria que caíssem mais, muitas mais vezes. O intervalo entre um e o próximo é vaguear pelo nada enquanto tudo mexe e todos vivem. Mal ou bem lá vivem. Eu não. Nesses pedaços infinitos de tempo só existo porque tem de ser, senão não sou atingido outra vez.

Vende a voz num murmúrio gritante de desespero Acrescenta às palavras recônditas e íntimas que te esqueceste  Vende tudo... liberta o escravo As passagens que te governam a mente Têm um e um só protagonista Tu e o que sobra de ti, tanto na frente como no verso Mas quem se julga o centro do Universo...não tem Universo Compra a alma no mercado negro do inferno Está reservado o teu lugar... ou o que sobra de ti Compras peças e continuas vazio Num armário vagabundo, recolhes as recordações Lembranças vivas de um mundo que passou por ti, mas nem o viste O teu mundo era outro... agora diz-me o que sobra dele.

E se caísses nas mãos da perfeição E se assim preferisses o imperfeito Será que descias à terra? Será que paravas esta guerra? E se tropeçasses nos braços errados E se eles sentissem como os certos Será que depressa te libertavas? Será que te magoavas? Voa para o desconhecido, comigo O tempo indica o caminho E se te acabassem os ses Será que dirias: porque não? E se te acabassem os "ses" E se te acabassem os "ses"...